10 de set. de 2012

creio que de uma vez por todas o soletrada deve morrer
esse blog tem a marca de tudo o que aconteceu nesses últimos anos e eu quero/preciso começar algo novo
deixar as pessoas pra trás, pelos motivos que forem
eu preciso deixa-las partir
mesmo que já se encontrem a anos luz da minha visão, estão aqui no meu peito
nas minhas coisas
nesse blogue eu pedi uma pessoa em casamento, e ela disse sim
nesse blogue eu conheci a melhor amiga de 10 vidas
aqui meus amigos me acharam, melhor dizendo
meus iguais
mas aqui existe um vício de saber que distraidamente uma dessas pessoas vai me ler e me vem então a vontade de escrever pra elas
e
eu não devo fazer isso
nunca consigo sair do mesmo lugar porque eu me agarro a essas pessoas (essas duas em especial) eu me deixo afundar no vazio que ficou
no que
no que não tem mais necessidade de ser dito
eu já disse tudo

então devo matar essa ponte pro que eu não posso e dar vazão ao escrever sem profundidade (buraco em mim)
eu quero ser livre
eu quero ser nova
quero que as palavras saiam de mim e queimem onde dever queimar, nos olhos dos outros
quero as imagens saídas da minha química enfeitando outro ser
outro ser longe de mim, outro que não tenha laços comigo

hoje tudo dói, de um jeito novo
hoje eu deixei todo meu orgulho de lado, eu solucei de chorar cobrindo o rosto de vergonha por ser tão infantil
nenhum poder, nenhuma responsabilidade

eu despeço da tristeza abro espaço para o novo,
jamais fecharei minhas portas e janelas. mas devo derrubar uma parede e deixar a poeira subir.

Adeus Soletrada meu amor

7 de set. de 2012

a casa sozinha
o silêncio que não me permite o choro

o tempo perdido é um buraco um abismo que puxa todas as memórias do que poderia ter sido
do que eu não consegui, do que eu nunca consigo
e as canções escorrem pelas paredes com histórias que não vivi, me falam de amor e delicadezas impossíveis
presas dentro
no buraco de dentro que também é um abismo que puxa tudo
com um banco na beira onde sempre sentada eu contemplo o presente/passado/futuro do que eu não posso

minha boca travada com o peito (canto do coração) explodindo de uma tristeza incomunicável

materializa-se na minha sombra uma mulher corcunda, cansada e ressecada
de fala baixa e olhar gentil
como aquelas senhoras que vão ao mercado confraternizar e esperar gentilezas das caixas e empacotadores

fico indecisa entre dormir, sangrar ou lavar louças
poderia pouca coisa nesse momento

4 de set. de 2012

o que dói é muito pouco pro tamanho da minha fé

21 de ago. de 2012

da imbecilização
do que eu acho que seja o tal fato o processo que me toma quando a vida cotidiana come todo meu tempo e atualizações ocorrem online
de como eu adoro foto dos outros e reclamo que não tenho tempo para ler
de como os livros estão ficando difíceis pela minha pouca atenção
eu que achei que era uma máquina perfeita estou a enferrujar por falta de conversas que realmente me tirem os sentidos
a falta que faz uma mesa de bar embriagada com pessoas engasgadas de coisas maravilhosas para dizer
da risada de dói na barriga e faz chorar

tudo isso não se obriga, as vezes junto ao vento chegam pessoas incríveis, que eu era (sou) capaz de reter

mas e a minha disponibilidade
e o meu desapego do ócio, da mania de se esconder em tarefas banais
da mania de achar que aqui dentro é tão mais gostoso

as vezes de madrugada tenho vontade de me lançar
mas todos estão dormindo

9 de ago. de 2012

sua boca pálida
   do vermelho que eu roubei


por que me foge agora que toda casa está arrumada para te dar vida?
um homem
pedro
um homem alto, magro e cabelo curto
já grisalho precocemente
como aquele que um dia veio tomar cerveja comigo
mas não com aquele recheio, daquele homem eu guardo o corpo
a imagem do pedro que um dia nascerá/nasceria de mim
um homem que quase se mostrou vivo num filme francês, onde muito doído de amor deitava na folhas secas com o rosto virado para o chão
nenhuma beleza para ver, só o barulho das folhas se partindo com o peso e movimento do seu corpo
esse pedro (francês) fazia as pazes com sua mulher cantando ao telefone
muito gay para o meu pedro, matei-o completamente
aqui de novo ele dorme
um dia se anunciou num conto/qualquer coisa
onde um homem alucinado na descida no metrô santa cecilia reconhece numa mulher que sobe a pessoa que ele tanto ama
numa conversa absurda (ele cego porque tal mulher amada nunca existiu daquele jeito, viva eu digo)
ele consegue envenenar a mulher desconhecida (pois toda querem aquele amor - até porque ele nunca existe) e ela passa a acreditar que sim, é ela
por medo, dor, muito o que fazer
ela se esquece do pedro (meu pedro) ela o bloqueou da sua memória. e agora sim ela sente, ela vê
oh tudo está de volta
meu pedro nesse momento morre para mim pois toda fantasia correspondida é filme de terror até onde eu pude comprovar

dias frequentes ele me aparece, ele se estiva dentro de mim e tenta sair pela fumaça do cigarro
ele diz
corre que eu vou sair
então eu antes quero perfumar toda casa para que ele venha coroado
eu apronto tudo, eu deito as crianças
eu acalmo os gatos
e ele dorme
não sou capaz de criar porque tudo existe

meu pedro (um dia teve um joão meu paulo) meu pedro não é um homem idealizado
não é um tom (iris murdoch e ana teresa pereira)
ele não é meu masculino
é como minhas filhas, mas todo dia eu o monto como um homem batata

hoje no meio de um cigarro ele se mostrou
como numa última chance, ainda esperando na subida do metrô
ainda sentado numa mesa esperando a menina de tranças chegar (kelly lima)
e eu mais uma vez fui covarde ou outra palavra (me ajude você por favor)

6 de ago. de 2012

da eternindade

hoje me disseram que alice se parece com minha mãe
isso me atingiu como um carinho absurdo, desses que só as mães são capazes
e eu sempre penso na eternidade nesses momentos
em como minha mãe e toda minha vida fica nas minhas filhas e o que de mim vai ficar nelas,
 nos que vierem de nós
a memória dos gatos, dos finais de semana em casa sem tv se jogando de um sofá pro outro
no amor que eu coloco em cada olhar demorado

marilia salvou minha vida incontáveis vezes, fez de mim um instrumento divino
sem ela eu seria uma pessoa triste e sozinha
alice é o sol

esse é o deus que habita minha casa
o amor

30 de jul. de 2012

aceitar o/um amor me é mais dificil do que sentir, porque quando se sente existe já algo que não posso controlar
mas ser amada me tortura
retribuir o amor como um ato físico, aceitar o abraco,  beijo e o carinho natural são para mim uma nova língua que soa como estalo e não tenho a menor idéia do que se trata
não só refrato como agrido aquele que me ama
tenho grande pavor do que nem sei nomear, do que nunca aconteceu, do que nunca nem formulei direito
mais do que um bicho que precisa se acostumar ao cheiro, eu preciso encaixar a pessoa na minha casa, no meu corpo
eu preciso achar um modo (tudo assim friamente) de deixar que esse outro ser se misture à minha química
não é um processo de semanas ou meses
é coisa de anos
não é algo que eu trame aqui sozinha de noite na cama na janela no sofá
e nem se assemelha a desconfianca

eu gosto do que dura
eu gosto do persiste
e isso não se avalia, isso se vive
para isso não existe fórmula ou perfil, ninguém jamais vai me convencer de algo que eu não tenha sentido de primeiro impacto
todo o mecanismo doente me protege daquilo que não sou capaz de viver

quando acontece de não fugir mais dos abracos, de deixar minha mão perdida no corpo do outro é porque estou desligada do modo vadia sem coracao


eu não sabia que o Enrique Vila Mattas tinha vindo a flip e se soubesse não poderia fazer nada também
enfim
terminei o Dublinesca essa semana e saio do livros louca para ler Ulysses, assim como sai de outros dois livros dele e li o Homem sem Qualidades e Jakob von Gunten
ele me ganhou de cara com o Mal de Montano, até hoje me lembro de partes do livro como se fosse minha vida
tempo feliz quando encontrei esse livro, eu trabalhava numa livraria e podia ler tudo o que quisesse, na época encontrei também também uma biografia da Sabine, mina do Jung/Freud
pirei

29 de jul. de 2012




maior saudade do mundo do meu livrinho

Livros, o universo e tudo mais

essa semana ganhei dois livros da categoria que mais me fascina e enlouquece, uma biografia do caio fernando abreu que nunca tinha ouvido falar e um livro de cartas do leminski
leio desde ontem a biografia
logo de cara achei que não teria ali nada que eu não soubesse porque sim, eu sou pedante e metida a besta
mas como saber tudo da vida de alguém que não pude conhecer?

estou adorando

e me volta a magia dos livros, a magia dos encontros
li que o caio fernando revisou e preparou o feliz ano velho do marcelo rubens paiva, puxa vida esse foi meu primeiro livro de verdade
me veio a memória certa vez quando voltada do trabalho, e lendo no ônibus estava com fones de ouvido ouvindo bola de nieve, e ao virar a página de um dos livros de contos do caio lí o prefácio:
para ler ao som de bola de nieve
puta que o pariu, eu quis ser o motor do ônibus naquele dia

do meu passeio na av paulista e quando passei numa papelaria (onde hoje é a hering) encontrei por cinco real a biografia da anne sexton, minha musa
minha bruxa
e eu não tinha a mínima idéia de quem ela era, mas o título do livro, somado a foto dela muito gata sentada com as pernas cruzadas compensava de qualquer forma meu dinheiro.
o prazer
a delicia de descobrir um autor que fala com minha voz
que personifica tudo o que acredito
que me emociona num grau onde o corpo é incapaz de demonstrar
que dentro faz incêndio, tempestade
ela fez
ainda faz

hoje alice dormiu por 3 horas a tarde, veja bem TRÊS HORAS!!111 e eu li, eu li eu li
senti saudade de quando li hilda hilst a primeira vez e quis arrumar as malas e ir embora também
senti saudade de quando passeando na antiga biblioteca da fiesp peguei para ler inventário das sombras
que falava de autores pouco conhecidos, mas de grande talento
e lá estava aquela que seria minha escritora favorita da universo (ana teresa pereira demorou, iris murdoch mais ainda) ana cristina cesar.
lá estava o caio também mas como foi difícil encontrar qualquer coisa dos dois pra ler, na internet não tinha nada e na biblioteca menos ainda
só fui encontrar na biblioteca da vergueiro e só para consulta, tive que ler por lá nublando as vistas toda hora e chorando mudinha
mas mesmo assim achei pouca coisa, da ana somente o inéditos e dispersos e do caio o morangos mofados
depois sai a luta e xerocando tudo que conseguia

mas então voltamos ao prazer, a delícia dita com a boca demoradamente e com direito a um sorriso de grinch

ok, escrevi demais já
vou ler

27 de fev. de 2012

alguns blogues levam nosso cheiro

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soletrada meu querido diário <3