30 de jul. de 2012

aceitar o/um amor me é mais dificil do que sentir, porque quando se sente existe já algo que não posso controlar
mas ser amada me tortura
retribuir o amor como um ato físico, aceitar o abraco,  beijo e o carinho natural são para mim uma nova língua que soa como estalo e não tenho a menor idéia do que se trata
não só refrato como agrido aquele que me ama
tenho grande pavor do que nem sei nomear, do que nunca aconteceu, do que nunca nem formulei direito
mais do que um bicho que precisa se acostumar ao cheiro, eu preciso encaixar a pessoa na minha casa, no meu corpo
eu preciso achar um modo (tudo assim friamente) de deixar que esse outro ser se misture à minha química
não é um processo de semanas ou meses
é coisa de anos
não é algo que eu trame aqui sozinha de noite na cama na janela no sofá
e nem se assemelha a desconfianca

eu gosto do que dura
eu gosto do persiste
e isso não se avalia, isso se vive
para isso não existe fórmula ou perfil, ninguém jamais vai me convencer de algo que eu não tenha sentido de primeiro impacto
todo o mecanismo doente me protege daquilo que não sou capaz de viver

quando acontece de não fugir mais dos abracos, de deixar minha mão perdida no corpo do outro é porque estou desligada do modo vadia sem coracao


eu não sabia que o Enrique Vila Mattas tinha vindo a flip e se soubesse não poderia fazer nada também
enfim
terminei o Dublinesca essa semana e saio do livros louca para ler Ulysses, assim como sai de outros dois livros dele e li o Homem sem Qualidades e Jakob von Gunten
ele me ganhou de cara com o Mal de Montano, até hoje me lembro de partes do livro como se fosse minha vida
tempo feliz quando encontrei esse livro, eu trabalhava numa livraria e podia ler tudo o que quisesse, na época encontrei também também uma biografia da Sabine, mina do Jung/Freud
pirei

29 de jul. de 2012




maior saudade do mundo do meu livrinho

Livros, o universo e tudo mais

essa semana ganhei dois livros da categoria que mais me fascina e enlouquece, uma biografia do caio fernando abreu que nunca tinha ouvido falar e um livro de cartas do leminski
leio desde ontem a biografia
logo de cara achei que não teria ali nada que eu não soubesse porque sim, eu sou pedante e metida a besta
mas como saber tudo da vida de alguém que não pude conhecer?

estou adorando

e me volta a magia dos livros, a magia dos encontros
li que o caio fernando revisou e preparou o feliz ano velho do marcelo rubens paiva, puxa vida esse foi meu primeiro livro de verdade
me veio a memória certa vez quando voltada do trabalho, e lendo no ônibus estava com fones de ouvido ouvindo bola de nieve, e ao virar a página de um dos livros de contos do caio lí o prefácio:
para ler ao som de bola de nieve
puta que o pariu, eu quis ser o motor do ônibus naquele dia

do meu passeio na av paulista e quando passei numa papelaria (onde hoje é a hering) encontrei por cinco real a biografia da anne sexton, minha musa
minha bruxa
e eu não tinha a mínima idéia de quem ela era, mas o título do livro, somado a foto dela muito gata sentada com as pernas cruzadas compensava de qualquer forma meu dinheiro.
o prazer
a delicia de descobrir um autor que fala com minha voz
que personifica tudo o que acredito
que me emociona num grau onde o corpo é incapaz de demonstrar
que dentro faz incêndio, tempestade
ela fez
ainda faz

hoje alice dormiu por 3 horas a tarde, veja bem TRÊS HORAS!!111 e eu li, eu li eu li
senti saudade de quando li hilda hilst a primeira vez e quis arrumar as malas e ir embora também
senti saudade de quando passeando na antiga biblioteca da fiesp peguei para ler inventário das sombras
que falava de autores pouco conhecidos, mas de grande talento
e lá estava aquela que seria minha escritora favorita da universo (ana teresa pereira demorou, iris murdoch mais ainda) ana cristina cesar.
lá estava o caio também mas como foi difícil encontrar qualquer coisa dos dois pra ler, na internet não tinha nada e na biblioteca menos ainda
só fui encontrar na biblioteca da vergueiro e só para consulta, tive que ler por lá nublando as vistas toda hora e chorando mudinha
mas mesmo assim achei pouca coisa, da ana somente o inéditos e dispersos e do caio o morangos mofados
depois sai a luta e xerocando tudo que conseguia

mas então voltamos ao prazer, a delícia dita com a boca demoradamente e com direito a um sorriso de grinch

ok, escrevi demais já
vou ler