26 de ago. de 2010

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então ela deitada abrindo o casaco como que abrindo um armário antigo me mostrando delicadezas das quais não se lembraria
eu
muito ciente da situação coloquei minhas mãos dentro a adivinhei sua tatuagem enquanto ela me contava sobre desertos fome e como agarrar uma cobra com as garras
qualquer coisa que saia da sua boca (de dentro daquele casaco) era lilás era inebriante fazia com que eu colocasse meu corpo também dentro daquele pano tão lindo e rico que cobria o corpo (armário estante relicário) corpo que eu desejava
qualquer cor que seus olhos adquirissem naquele momento seriam de fogo (amarelo vermelho marrom)
então eu a levantei e dançamos e cada coisa que eu dizia era para que ela respondesse - que horas são qual sua cor favorta onde fica o banheiro? - me respondia me respondia e fazia com as mãos mais palavras então se perdia
andava pela casa com os olhos baixos longe (sobrevoando o deserto) me encontrava no chão e me prendia com as mãos (garras garras) não me queria me estranhava me olhava
certo momento me reconhecia e repetia meu nome para se lembrar minutos depois que eu tinha que ir embora e então me recompondo pedia infantilmente que ficasse
como
como que podia ficar ou partir o descobrir onde era o banheiro
nenhum lugar no mundo nenhum mundo e nenhuma hora então ela falava
e falava e me apertava e descobria que minha pele era muito macia corria
se cobria e voltava sem nada porque eu
eu era o sol naquela noite

8 de fev. de 2010


menor infrator de alta periculosidade