7 de mar. de 2009

" A linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra o outro. Como se eu tivesse palavras á guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas palavras. Minha linguagem treme de desejo. A comoção vem de um duplo contato: de um lado, toda uma atividade de discurso vem realçar discretamente, indiretamente, um significado único, que é "eu te desejo", e libera-o, alimenta-o, ramifica-o, fá-lo explodir (a linguagem goza ao tocar a si mesma); de outro lado, envolvo o outro em minhas palavras, acaricio-o, roço-o, cultivo este roçar, nada poupo para fazer durar o comentário ao qual submeto a relação.
(Falar amorosamente, é gastar infinitamente, sem crise, é praticar uma relação sem orgasmo.Existe talvez uma forma literária deste coitus reservatus. é a galanteria)"