22 de set. de 2013

o que eu nunca TE disse

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e jamais direi

muitos anos me perdendo entre palavras, tendo uma erupção saindo pela garganta e depois nem as cinzas pra lembrar do que ardia
não tenho mais nada a dizer pra ninguém
a vida é única e ela é daquele na qual habita, a sua opinião, o seu sentimento não são meus
eu não tenho nada com isso
cada um escolhe que caminho seguir, eu saí em zigue zague e seja o que deus quiser. fé na tábua e o pé em deus


existem pessoas que acreditam saber tudo e essas são as mais sozinhas

e jamais direi nada

14 de fev. de 2013

a palavra que fervilha no sangue que corre pacato, movendo o corpo sistematicamente para o trabalho, compras no supermercado e pequenos passeios mornos. ali mora uma vontade que flui autonoma com diversa intensidade. alguns dias sinto na ponta da língua a eletricidade dessa força/vontade querendo subir, querendo tomar o controle e disparando o coração que entende (pobre coitado) essa movimentação como ameaça. mas eu nada faço, me viro pro lado e espero passar acreditando que assim refino a besta fera que mora nas minhas veias e assim viro as costas para o que acredito ser o milagre pedindo permissão para tomar o corpo.
é um estudo avançado o da minha pessoa para comigo mesmo, uma mordaça bordada e trabalhada nas hastes dando um visual mais suave para o desespero. sim, dou agora o nome de desespero.
porque veja, as pessoas falam ao meu redor o tempo inteiro e eu desaprendi a ouvir, quero no momento falar mais do que elas para que me deixem em paz e não mirem mais em mim, mas ao abrir a boca o som que me volta tem ao fundo um grunido de fome, de prisão. eu estou matando o que há de mais bonito em mim.
"mas é preciso que o deus venha, antes que seja tarde demais"

10 de set. de 2012

creio que de uma vez por todas o soletrada deve morrer
esse blog tem a marca de tudo o que aconteceu nesses últimos anos e eu quero/preciso começar algo novo
deixar as pessoas pra trás, pelos motivos que forem
eu preciso deixa-las partir
mesmo que já se encontrem a anos luz da minha visão, estão aqui no meu peito
nas minhas coisas
nesse blogue eu pedi uma pessoa em casamento, e ela disse sim
nesse blogue eu conheci a melhor amiga de 10 vidas
aqui meus amigos me acharam, melhor dizendo
meus iguais
mas aqui existe um vício de saber que distraidamente uma dessas pessoas vai me ler e me vem então a vontade de escrever pra elas
e
eu não devo fazer isso
nunca consigo sair do mesmo lugar porque eu me agarro a essas pessoas (essas duas em especial) eu me deixo afundar no vazio que ficou
no que
no que não tem mais necessidade de ser dito
eu já disse tudo

então devo matar essa ponte pro que eu não posso e dar vazão ao escrever sem profundidade (buraco em mim)
eu quero ser livre
eu quero ser nova
quero que as palavras saiam de mim e queimem onde dever queimar, nos olhos dos outros
quero as imagens saídas da minha química enfeitando outro ser
outro ser longe de mim, outro que não tenha laços comigo

hoje tudo dói, de um jeito novo
hoje eu deixei todo meu orgulho de lado, eu solucei de chorar cobrindo o rosto de vergonha por ser tão infantil
nenhum poder, nenhuma responsabilidade

eu despeço da tristeza abro espaço para o novo,
jamais fecharei minhas portas e janelas. mas devo derrubar uma parede e deixar a poeira subir.

Adeus Soletrada meu amor

7 de set. de 2012

a casa sozinha
o silêncio que não me permite o choro

o tempo perdido é um buraco um abismo que puxa todas as memórias do que poderia ter sido
do que eu não consegui, do que eu nunca consigo
e as canções escorrem pelas paredes com histórias que não vivi, me falam de amor e delicadezas impossíveis
presas dentro
no buraco de dentro que também é um abismo que puxa tudo
com um banco na beira onde sempre sentada eu contemplo o presente/passado/futuro do que eu não posso

minha boca travada com o peito (canto do coração) explodindo de uma tristeza incomunicável

materializa-se na minha sombra uma mulher corcunda, cansada e ressecada
de fala baixa e olhar gentil
como aquelas senhoras que vão ao mercado confraternizar e esperar gentilezas das caixas e empacotadores

fico indecisa entre dormir, sangrar ou lavar louças
poderia pouca coisa nesse momento

4 de set. de 2012

o que dói é muito pouco pro tamanho da minha fé

21 de ago. de 2012

da imbecilização
do que eu acho que seja o tal fato o processo que me toma quando a vida cotidiana come todo meu tempo e atualizações ocorrem online
de como eu adoro foto dos outros e reclamo que não tenho tempo para ler
de como os livros estão ficando difíceis pela minha pouca atenção
eu que achei que era uma máquina perfeita estou a enferrujar por falta de conversas que realmente me tirem os sentidos
a falta que faz uma mesa de bar embriagada com pessoas engasgadas de coisas maravilhosas para dizer
da risada de dói na barriga e faz chorar

tudo isso não se obriga, as vezes junto ao vento chegam pessoas incríveis, que eu era (sou) capaz de reter

mas e a minha disponibilidade
e o meu desapego do ócio, da mania de se esconder em tarefas banais
da mania de achar que aqui dentro é tão mais gostoso

as vezes de madrugada tenho vontade de me lançar
mas todos estão dormindo

9 de ago. de 2012

sua boca pálida
   do vermelho que eu roubei


por que me foge agora que toda casa está arrumada para te dar vida?
um homem
pedro
um homem alto, magro e cabelo curto
já grisalho precocemente
como aquele que um dia veio tomar cerveja comigo
mas não com aquele recheio, daquele homem eu guardo o corpo
a imagem do pedro que um dia nascerá/nasceria de mim
um homem que quase se mostrou vivo num filme francês, onde muito doído de amor deitava na folhas secas com o rosto virado para o chão
nenhuma beleza para ver, só o barulho das folhas se partindo com o peso e movimento do seu corpo
esse pedro (francês) fazia as pazes com sua mulher cantando ao telefone
muito gay para o meu pedro, matei-o completamente
aqui de novo ele dorme
um dia se anunciou num conto/qualquer coisa
onde um homem alucinado na descida no metrô santa cecilia reconhece numa mulher que sobe a pessoa que ele tanto ama
numa conversa absurda (ele cego porque tal mulher amada nunca existiu daquele jeito, viva eu digo)
ele consegue envenenar a mulher desconhecida (pois toda querem aquele amor - até porque ele nunca existe) e ela passa a acreditar que sim, é ela
por medo, dor, muito o que fazer
ela se esquece do pedro (meu pedro) ela o bloqueou da sua memória. e agora sim ela sente, ela vê
oh tudo está de volta
meu pedro nesse momento morre para mim pois toda fantasia correspondida é filme de terror até onde eu pude comprovar

dias frequentes ele me aparece, ele se estiva dentro de mim e tenta sair pela fumaça do cigarro
ele diz
corre que eu vou sair
então eu antes quero perfumar toda casa para que ele venha coroado
eu apronto tudo, eu deito as crianças
eu acalmo os gatos
e ele dorme
não sou capaz de criar porque tudo existe

meu pedro (um dia teve um joão meu paulo) meu pedro não é um homem idealizado
não é um tom (iris murdoch e ana teresa pereira)
ele não é meu masculino
é como minhas filhas, mas todo dia eu o monto como um homem batata

hoje no meio de um cigarro ele se mostrou
como numa última chance, ainda esperando na subida do metrô
ainda sentado numa mesa esperando a menina de tranças chegar (kelly lima)
e eu mais uma vez fui covarde ou outra palavra (me ajude você por favor)